"O segundo é o primeiro perdedor."
Ayrton Senna
Esta famosa frase do ídolo brasileiro tricampeão de Fórmula 1 ilustra perfeitamente como o mundo enxerga a vitória. É uma questão de tudo ou nada. Por ter sido um esportista na minha juventude, entendo bem o significado desta frase. No esporte, ou na vida como um todo, o que nossa cultura diz é: Seja o melhor, ganhe, leve vantagem ou você estará perdendo algo. A vitória a qualquer preço, o importante é obtê-la! Resumindo: ou você sai ganhando ou perdendo. O que você escolhe?
No processo de santificação progressiva tenho me deparado continuamente com a tendência pecaminosa de pensar como o mundo nesta área. Nos jogos de basquete, futebol e até mesmo gincanas da igreja. Mas será que o desejo desenfreado pela vitória é um alvo saudável para o cristão? Nós não deveríamos ter uma ambição de fazermos o melhor para Deus e o próximo, independente da vitória? Tenho me voltado para a Palavra de Deus para responder esta questão e um trecho de Romanos 8.36-37 me chamou a atenção de forma particular:
"Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo,
fomos considerados como ovelhas para o matadouro.
Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou."
Enquanto nossa cultura corre na direção da vitória a qualquer custo, aqueles que têm seguido o exemplo do nosso Salvador Jesus Cristo devem estar mais comprometidos com a derrota. Mas não qualquer tipo de derrota e sim a derrota que vence, como o apóstolo Paulo cita nesta passagem. Existe uma razão para sermos entregues à morte o dia todo, para sermos considerados como ovelhas para o matadouro (v.16) e a razão é que o Filho de Deus morreu em nosso favor, quando ainda éramos pecadores (Romanos 5.8).
A derrota que vence, a ironia que o mundo não entende, para nós que somos salvos, é o poder e sabedoria de Deus (1 Coríntios 1.24). O pecado existe porque o homem quis ganhar o trono de seu coração e reinar soberano como o Deus Criador, porém o homem sempre irá perder esta disputa.
A boa notícia é que o vencedor, aquele que possui glória eterna e aprovação incondicional do Pai se tornou um perdedor em nosso favor. Jesus, o vitorioso, aparentemente foi derrotado na humilhação da cruz, para nos fazer mais que vencedores com Ele, quando quebrou as cadeias do pecado e da morte ao ressuscitar dos mortos.
Aqueles que se tornam filhos de Deus ao crerem em Jesus encontram nEle o modelo da cruz para seguir. O mistério da união do crente com Cristo faz necessário a mortificação diária de nosso pecado (Romanos 8.13), inclusive desejos pecaminosos de ganhar ou levar vantagem. Se seguimos a Cristo, devemos tomar a nossa cruz e segui-lo em seu exemplo de amor abnegado e sacrificial (Lucas 9.23). Esta mentalidade pode ser aplicada a tudo, como na escolha do seu trabalho, ministério na igreja, futuro cônjuge, como você gasta seu tempo e até mesmo como você enxerga e busca a vitória.
Portanto, é a salvação operada por meio de nosso Senhor Jesus Cristo que nos educa a viver de forma justa e piedosa (Tito 2.12). Que continuamente possamos crer e receber mais desta graça, da derrota que venceu, para que não temamos perder por causa de Cristo, pois perder qualquer coisa, mas ganhar o Senhor Jesus é ser mais que vencedor (Filipenses 3.4-14).
"Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue,
dia a dia tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á;
quem perder a vida por minha causa, esse a salvará.
Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro,
se vier a perder-se ou a causar dano a si mesmo?"
(Lucas 9.23-25)
Editorial de Leonardo Cordeiro
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