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A Grande História do Antigo Testamento: A Promessa da Vinda de Jesus Cristo

A Bíblia é um livro único que conta uma história única. Essa história não é a nossa, porque nós não somos o foco da história. A Bíblia conta a história de Jesus Cristo e como Ele, através de sua vida, morte e ressurreição, revela a glória do Pai e redime o homem pecador, nos dando um novo coração com novos desejos. Jesus, então, é o centro das Escrituras, como Ele mesmo afirma em Lucas 24, e como Paulo afirma em 2 Timóteo 3.14–17. Esta longa história é dividida em duas grandes seções: o Antigo Testamento — que fundamenta o plano de redenção de Deus através da vinda futura do Messias — e o Novo Testamento — que narra a vinda de Jesus e suas implicações para nós hoje.


Este conceito muda a forma como olhamos para a Bíblia. Entender que a Bíblia fala sobre Jesus significa entender que ela não se propõe a nos dar todas as respostas que queremos para os nossos problemas ou situações do dia a dia, mas que ela foi escrita para nos revelar Jesus Cristo. Ao pensar assim, a Bíblia deixa de ser apenas um livro para comprovar argumentações e passa a ser o Livro que revela o nosso Deus e como Ele se relaciona com o Seu povo.


Embora o Antigo Testamento que Jesus utilizava contivesse os mesmos 39 livros que o nosso, a disposição desses livros era diferente. Não era exatamente uma disposição cronológica, mas teológica, que construía o palco para a vinda do Messias no Novo Testamento. Ela era dividida em 3 grandes seções: a Lei, os Profetas e os Escritos.


A Lei (torah)¹

Os primeiros cinco livros da Bíblia constituem o que os judeus chamam de Torá, também conhecido como o Pentateuco. Nestes cinco livros, Deus cria e julga o mundo, estabelece e renova alianças com seu povo, faz e cumpre muitas promessas, estabelece padrões para seu relacionamento com a humanidade, habita no meio do povo, se apresenta como um Deus que perdoa pecados, realiza milagres e, através de tudo isso, revela Seu caráter como o único Deus, digno de todo louvor.


O Pentateuco é a base para toda a Bíblia, revelando o caráter, o plano e os padrões de Deus para o Seu povo. A Lei também nos aponta para Jesus como o cumprimento de todas as promessas e alianças presentes nesses cinco livros. Jesus é o Filho do Homem, o segundo Adão, a imagem perfeita de Deus. Jesus é o descendente de Abraão que traria bênção eterna para as nações. Jesus é o verdadeiro Israel, que cumpriu a Lei perfeitamente e pode nos tornar justos diante de Deus. Além disso, essa primeira seção da Bíblia de Jesus declara a fidelidade de Deus às Suas promessas, ao preservar Seu povo e redimi-lo, apesar da infidelidade do homem.


Os Profetas (nevi’im)²

Começando com o livro de Josué, essa segunda seção apresenta, de forma clara, o cumprimento de muitas promessas feitas por Deus a Israel. Há também a ênfase na obediência e desobediência, bem como nas consequências de se escolher cada um desses caminhos — Deus dá a vitória a Israel quando eles obedecem e ouvem Seus comandos, mas Israel sofre quando são desobedientes e infiéis. Mais uma vez, como já era claro no Pentateuco, o povo se mostra infiel.


“Os Profetas” trazem uma série de narrativas sobre como o pecado comprometeu a missão de Israel como uma nação de sacerdotes, como sua deslealdade e desobediência trouxeram maldições, como homens entregues a seus desejos tendem a ir cada vez mais fundo no pecado, e como apesar da maldade dos homens, Deus permanece fiel às Suas promessas e irá agir para restaurar o Seu povo. Os profetas previram essa restauração, incluindo uma Nova Aliança, uma Nova Jerusalém, um Novo Templo (Jeremias 31.27–40). Deus ainda tem um plano para o Seu povo, de forma que eles podem — e devem — continuar esperando pelo cumprimento de Sua promessa de estabelecer um Reino eterno a partir da semente de Davi — Jesus Cristo.


Os Escritos (ketuvim)³

Nos livros que compõem “Os Escritos”, o tema do Reino de Deus é preeminente. São livros que asseguram a fidelidade de Deus às Suas alianças e enfatizam a necessidade do povo se arrepender, se comprometer, obedecer e adorar a Deus de acordo com Seus padrões. Muitos do povo de Israel testemunharam a destruição de sua terra natal, outros nasceram no exílio e, naturalmente, ambos os grupos teriam dificuldade em confiar que Deus manteria as Suas promessas. No entanto, desde Rute os autores bíblicos chamam o povo a confiar na misericórdia e na redenção que Deus traria definitivamente em Cristo, e que foi prefigurada na libertação do povo do exílio. A restauração detalhada em Esdras – Neemias, também descrita em Crônicas, foi na verdade o começo de uma restauração maior que viria através da pessoa de Jesus Cristo.


Eles também apresentam uma ênfase em manter-se fiel e buscar a Deus com tudo o que temos. O povo de Deus deve buscá-lo com confiança e humildade. O verso mais conhecido de Crônicas mostra que, “se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra” (2 Crônicas 7.14).


Conclusão

O Antigo Testamento, então, é o fundamento do plano de redenção de Deus em Cristo. Sua narrativa esclarece a perspectiva de Deus sobre como todas as coisas, incluindo pessoas e eventos, se relacionam com os propósitos do Seu Reino, passando da criação original e amaldiçoada em Adão para a nova e abençoada criação em Jesus.


Portanto, Cristo é Aquele para quem o Antigo Testamento aponta (Lucas 24.27, 44; Romanos 15.4; 1 Coríntios 9.10; 2 Timóteo 3.14–17), e Aquele de quem todo o cumprimento vem (2 Coríntios 1.20) — ambos descritos no Novo Testamento e aguardando consumação futura. Toda a Bíblia está centrada nEle, que fornece a resposta para cada aspecto faltante em cada aliança que Deus fez com Seu povo. Jesus Cristo é o Messias, o Libertador, o Redentor, o Justo e o Salvador que supre todas as nossas necessidades — Ele é a chave para entendermos o plano de Deus, e nEle nós temos a imagem perfeita do Pai.


Editorial de Gustavo Santos



Notas:

¹ Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

² Primeiros: Josué, Juízes, 1–2 Samuel, 1–2 Reis; Últimos: Jeremias, Ezequiel, Isaías, Os Doze (Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias).

³ Primeiros: Rute, Salmos, Jó, Provérbios, Eclesiastes, Cantares, Lamentações; Últimos: Daniel, Ester, Esdras–Neemias, 1–2 Crônicas.

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