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A mensagem da Bíblia | Parte 2

Atualizado: 13 de nov. de 2020

Semana passada, começamos uma série chamada “A Mensagem da Bíblia”. O primeiro editorial teve como objetivo responder duas perguntas:

● Qual a mensagem da Bíblia? A Bíblia fala sobre o Reino de Deus e sobre Jesus — o Rei do Reino.

● Qual o propósito da Bíblia? O objetivo do Senhor é usar sua Palavra para moldar em nós o caráter do seu Filho.

Hoje, veremos brevemente como saber como a mensagem e o propósito central das Escrituras nos auxilia a compreender o conceito de Teologia Bíblica, que tem como objetivo unificar a mensagem das Escrituras e apontar cada texto para Cristo. Em seguida, aplicaremos o conceito ao conjunto dos Profetas Menores.

I. O que é Teologia Bíblica?

Teologia Bíblica é a forma de analisar e sintetizar o que a Bíblia revela sobre Deus e sobre como Ele se relaciona com o mundo, fazendo ligações orgânicas — naturais, não forçadas — em toda a Escritura que progridem, se integram e culminam em Cristo. Para fazermos Teologia Bíblica, é imprescindível entendermos a Bíblia como um livro unificado, e isso é possível porque, mesmo com vários autores humanos, Deus estava por trás de tudo, inspirando cada página e desenhando cada história de forma soberana. O caráter de Deus é visto em sua Palavra e, por ser um Deus único, a Bíblia também apresenta uma unidade. Logo, não há como pensarmos em Teologia Bíblica sem afirmarmos uma mensagem central e um propósito central. Ainda que pareça um conceito óbvio, afirmar a unicidade da Bíblia implica dizer que tanto sua mensagem central quanto seu propósito central podem ser encontrados em cada uma de suas páginas.

Essa ideia não parece tão absurda quando pensamos nos livros do Novo Testamento, ou até mesmo em alguns dos livros do Antigo Testamento. Porém, será que isso é possível quando olhamos para os Profetas Menores? Será que a mensagem dos Profetas Menores contribui, de alguma forma, para a comunicação da mensagem central das Escrituras? Jesus afirmou que sim (Lucas 24.25–27, 44–47), bem como o apóstolo Paulo (Atos 28.23). Nosso objetivo nesse editorial, então, é mostrar como isso é não só possível, como também necessário para um correto entendimento dos 12 livros que compõem os Profetas Menores — conhecidos apenas como “Os Doze” na Bíblia Judaica.

II. Os grandes conceitos presentes nos Profetas Menores

Antes de olharmos a mensagem central do conjunto de 12 livros conhecidos como Profetas Menores, veremos 5 grandes conceitos presentes em cada um desses livros:

II. a. “Os Doze” são um livro unificado — assim como toda a Bíblia

Todos os 12 livros funcionam como um chamado de volta a Deus e aos Seus mandamentos. Através do foco no pecado de Israel, no julgamento de Deus e na esperança após a maldição, os 12 descrevem a história de Israel à luz da aliança de Deus com o Seu povo, alertando-os a retornar às suas raízes como povo de Deus. Sob esse prisma, faz sentido olhar para os livros e ver que eles não são organizados cronologicamente, mas teologicamente.

II. b. “Os Doze” mostram a necessidade do povo de Deus refletir o caráter de Deus

Viver em uma aliança com Deus significa que o Seu povo deve se parecer com Ele. O foco não está somente em adorar a Deus, mas também em ser transformado por um conhecimento profundo da pessoa e da vontade de Deus. Conhecer o caráter de Deus produz fidelidade e amor. Os profetas menores nos mostram, em diversas áreas, como se afastar de Deus é perigoso e traz consequências.

II. c. “Os Doze” anunciam a vinda de um novo Davi que traria o Reino de Deus

Na Bíblia Judaica, o conjunto dos Profetas menores aparece antes dos Escritos. Ou seja, eles funcionam como uma preparação para a apresentação de Davi e de um reinado futuro que seria de um Rei da linhagem de Davi. Aqui, mais uma vez, nós vemos como a Bíblia Judaica é estruturada num crescendo, que nos prepara para a vinda de Cristo.

II. d. “Os Doze” afirmam o amor de Deus pelo Seu povo e a natureza terrível do pecado

Eles mostram e contrastam ambas as realidades. O pecado não é somente a quebra de uma norma, mas a destruição de um relacionamento. Mesmo com toda a infidelidade do povo, é impressionante ver como Deus permanece fiel, permanece demonstrando misericórdia. Sim, Ele disciplina o Seu povo, mas justamente porque Ele os ama.

II. e. “Os Doze” enfatizam o dia do julgamento para os perversos e da salvação para os justos

O Dia do Senhor será um dia de ira divina, fogo consumidor e tempestade, mas também será um dia de restauração do reino e recompensas (Amós 9.11–14). Será um dia de punição e salvação (Sofonias 3.8–11). Será um dia de guerra e pranto (Joel 2.11–13), mas também de alegria no Senhor (Sofonias 3.14–17). Será um dia de exaltação a Deus, transformação e santidade (Zacarias 14.7–9, 20), mas também de destruição do perverso (Malaquias 4.1–3).

A realidade da cruz traz boas e más notícias: salvação para os que creem e condenação para os que não creem. Isso nos leva à mensagem central dos Doze.

III. A mensagem central dos Profetas Menores

Juntando tudo o que vimos, eu creio que uma forma simples e concisa de definir a mensagem central dos Profetas Menores é: julgamento e redenção através de Cristo. A unidade dos profetas menores provê uma perspectiva única e coesa sobre como Deus alcança Seus propósitos tanto através do julgamento quanto da salvação.

Em cada um dos profetas menores vemos Deus advertindo Israel e Judá através de Seus profetas sobre os vários juízos do “Dia do Senhor” — juízos esses iminentes por causa da desobediência do povo. Esses julgamentos acontecem um atrás do outro porque o povo se mostra completamente indiferente aos avisos dos profetas.

No entanto, os julgamentos não são o fim da história. Yahweh, o Deus da aliança, continua comprometido com o povo da aliança e com as promessas da aliança. A história do fracasso, desobediência e julgamento daria lugar a um dia futuro em que o Senhor julgaria as nações e restauraria o Seu povo. O retorno do exílio era apenas uma prévia de um tempo ainda maior de bênçãos quando o povo de Deus desfrutaria de abundância e viveria sob o domínio pacífico e justo do Senhor Jesus, que é o Rei prometido da linhagem de Davi.

Nas próximas duas semanas, olharemos atentamente para cada um dos 12 livros, e veremos como cada um deles contribui para a transmissão da grande mensagem das Escrituras.

Editorial de Gustavo Henrique Santos



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