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Adoniram Judson: vida e obra

Recentemente, nossa família começou a ler biografias missionárias. A série “heróis cristãos” da Shedd publicações tem servido como guia nessa jornada. Histórias comoventes de nomes conhecidos como George Muller, Hudson Taylor e Amy Carmichael empolgaram nossa família e abriram nossos olhos para conhecer mais do agir extraordinário de Deus através de pessoas comuns. Um dos volumes que lemos foi a biografia de Adoniram Judson¹.Por causa de minha própria ignorância do trabalho missionário mundial, eu simplesmente nunca havia ouvido falar de Adoniram Judson. Confesso que cheguei a pensar em pularmos esse volume e começarmos a leitura promissora da biografia de William Carrey. Graças a Deus, não fizemos isso.


Conversão e chamado

Adoniram Judson nasceu em 1788 no estado de Massachussetss, nos EUA. Por grande parte de sua juventude, o jovem filho de pastor identificou-se como ateu. Adoniram foi um jovem brilhante e com crises de fé. Sua conversão misturou uma busca por dar razão à sua fé no meio da confusão gerada pela morte de um grande amigo da juventude, Eames. Não muito tempo depois de sua conversão, Adoniram dedicou-se ao trabalho missionário, ingressando num grupo de amigos que tinha como objetivo começar a primeira organização missionária dos EUA.


Ao longo de sua carreira ministerial, Adoniram demonstrou um chamado alicerçado em três componentes: desejo, oportunidade e dons². Cada etapa de sua vida e ministério mostrava como um intenso desejo, trabalhado por um conjunto de dons e talentos incomuns, faria das oportunidades dadas pela providência divina um palco do agir extraordinário de Deus. O cenário foi a Birmânia (atual Mianmar). Um lugar hostil ao Evangelho e conhecido “cemitério” de missionários.


Convicção e perdas

O intenso desejo pelo trabalho missionário e uma fé sólida no Senhor Jesus Cristo guiaram Adoniram Judson a enfrentar incertezas e perigos. Recém-casado com Ann Hasseltine, Adoniram embarcou no dia 19 de fevereiro de 1812 em direção à Índia³. A viagem foi marcada pela mudança de convicções teológicas que levou Adoniram a deixar a denominação congregacional para juntar-se aos batistas. Seu esmero pelo estudo não era um interesse teológico especulativo, mas guiava suas decisões e forma de pensar. Vida e teologia andavam juntas para orientar Adoniram Judson em seus passos rumo aos desafios que o aguardavam na Birmânia.


Depois de um curto período tenso na Índia, a viagem para a Birmânia iniciou um padrão de perdas que marcou a história de Adoniram Judson. Durante a viagem, Ann sofreu um aborto espontâneo, experiência que marcou a vida do casal Judson e apontou para uma trajetória de saúde debilitada de Ann.


Na Birmânia, a tensão da guerra contra a Inglaterra em 1824 desencadeou uma hostilidade forte aos estrangeiros. O resultado foi a prisão de Adoniram por quase dois anos. Uma prisão que misturava tortura com a privação de ver sua família, Ann e sua filha recém-nascida. Ann foi um exemplo de coragem e companheirismo. Amamentando uma criança de colo e enfrentando fortes privações, Ann trabalhava incansavelmente para verificar o estado de saúde de seu marido. Ann usou suas habilidades relacionais para influenciar o quanto podia os bastidores da prisão. Deus agiu, preservando a vida de Adoniram como também os rascunhos de seus longos trabalhos de tradução da Bíblia e da gramática birmanesa.


Em 1826, Ann morreu enquanto Adoniram explorava territórios birmaneses. A morte de sua esposa o abateu profundamente. Nesse período de abatimento, Adoniram dedicou-se a finalizar a tradução da Bíblia para o birmanês, projeto de quase vinte e quatro anos. No ano do término, 1835, Adoniram casou-se com Sarah Hall Boardman, também viúva de um colega missionário. Adoniram e Sarah tiveram oito filhos, cinco deles sobreviveram até a idade adulta. Depois de um pouco mais de dez anos de casamento, a saúde de Sarah se deteriorou rapidamente. A recomendação médica foi que Sarah fosse para os EUA para realizar um tratamento de saúde. A família foi dividida, alguns filhos ficaram na Birmânia e Adoniram e Sarah seguiram viagem para os EUA. No trajeto, Sarah faleceu e Adoniram se encontrou viúvo pela segunda vez e com filhos pequenos que o acompanhavam.


Durante seu tempo nos EUA, Adoniram conheceu Emily Chubbuck, com quem veio a se casar pela terceira vez. Emily era bem mais jovem que Adoniram e uma escritora talentosa. Além de perseverar no acompanhamento do trabalho missionário de Adoniram, Emily escreveu a biografia de sua segunda esposa, Sarah. O casamento de Adoniram com Emily foi curto, interrompido com a morte do próprio Adoniram em 12 de abril de 1850.


Trabalho e impacto

O trabalho de Adoniram Judson foi marcado pela perseverança em meio às perdas. O crescimento lento provou Adoniram e semeou um impacto grande para o Evangelho que durou gerações. Nos dez primeiros anos de trabalho árduo, Adoniram terminou a primeira versão da tradução do Novo Testamento para o birmanês. Doze anos após sua chegada, a igreja contava com dezoito convertidos. Foram anos de perseverança para cumprir seu propósito inicial: traduzir a Bíblia toda e fundar uma igreja com cem membros. Mas Deus foi além. Um pouco antes de morrer, a Birmânia tinha uma Bíblia traduzida para o birmanês, cem igrejas e aproximadamente oito mil cristãos. Até os dias de hoje, Mianmar conta com uma grande influência batista por causa da vida e obra de Adoniram Judson.


O primeiro missionário transcultural norte-americano deixou uma história marcada pela dor das perdas e perseverança, ingredientes que Deus usou para transformar uma vida, dedicada ao Senhor, numa peça importante para o avanço do Evangelho por gerações.


Adoniram creu e viveu à luz do Evangelho. Sua coragem e perseverança mostram um homem de carne e osso movido por uma fé viva e depositada no lugar certo, ou melhor, na pessoa certa: Deus. Que seu exemplo encoraje a igreja de hoje a viver para o mesmo Deus no cumprimento da mesma missão.


“Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se firmes, e que nada os abale.

Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor,

o trabalho de vocês não será inútil.”

(1 Coríntios 15.58)



Editorial do Pr. Alexandre (Sacha) Mendes



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