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BiblicaMente — Culpa

O que você faria (ou talvez até já tenha feito) se estiver dirigindo na estrada e uma luz vermelha acender no painel do seu carro? Eu quero acreditar que você não pegaria um martelo e quebraria a luz vermelha. Pelo contrário, você pararia o carro no acostamento, chamaria um mecânico ou um guincho e tentaria resolver o problema antes de voltar a dirigir. Esse seria o cenário ideal, e de certa forma, qualquer pessoa concordaria com isso.

 

Mas essa ideia de ignorar uma luz vermelha no painel do carro, que parece algo meio absurdo de se fazer, é exatamente o que a sociedade ensina que devemos fazer com relação à culpa. O que a nossa cultura fez foi, basicamente, tratar a culpa como se fosse algo realmente ruim, quando na realidade, Deus nos criou de uma forma que experimentemos culpa quando há algo errado e com o objetivo de fazermos algo a respeito.

 

Nesse sentido, ao contrário do que pensamos, a culpa não é nossa inimiga. Ela é uma aliada, que nos alerta sobre algo que está errado “debaixo do capô”, e que ainda não tínhamos observado. Ela está chamando nossa atenção para resolvermos um problema sério, antes que ele se torne mais complicado e tenha desdobramentos ainda maiores.

 

O que é culpa?

 

De forma simples, culpa é uma responsabilidade legal. É um indicador de que quebramos uma regra, e que agora temos que pagar algo pelo que fizemos. Quando olhamos por esse prisma, não há sentimento envolvido. E isso é um ponto importante, porque embora tratemos a culpa como um sentimento, ela não é. Podemos ter sentimentos porque somos culpados, mas isso não significa necessariamente que culpa seja igual a sentimentos que resultam dela.

 

No aspecto bíblico, a culpa indica que pecamos contra Deus. Ela nos ajuda a ver nosso pecado. Não, o pecado não é bom, mas a culpa acende o alerta de que algo precisa ser tratado. Ela é, inclusive, uma das evidências de que somos de fato filhos de Deus, porque a culpa que nos conduz à mudança é sinal de que o Espírito de Deus está trabalhando em nós, trazendo convicção de pecado e desejo por mudança.¹  Quando aliarmos a culpa ao sacrifício de Cristo em nosso favor, quando entendermos que a culpa deve nos levar aos pés de Jesus, então usaremos a culpa para o objetivo para o qual Deus a criou: nos fazer parecidos com Jesus.

 

Esses conceitos nos levam, então, a duas atitudes importantes: reconhecer nossa culpa e não nos afundarmos nela.

 

Reconheça sua culpa

 

Quando escolho me desencobrir diante de Deus, quando escolho ficar nu diante de Deus e reconhecer minha culpa, então Deus me cobre com seu perdão. Isso é significativo. Tudo em nossa cultura está tentando encobrir a culpa, e não é de se admirar que estejamos realmente experimentando os efeitos como Davi descreve no Salmo 32.3 e 4. O rei de Israel fala sobre seu corpo definhando, sobre ficar gemendo o dia todo, sobre o fato de que a mão de Deus pesava sobre ele. Em outras palavras, sua vitalidade foi drenada. Negar a culpa, algo que o mundo faz para tentar desfrutar da vida, é justamente o que suga toda a vida, e leva o mundo a experimentar a morte todos os dias, ainda que fisicamente vivo.

 

Não se afunde em culpa

 

O apóstolo Paulo nos ensina muito sobre esse aspecto, especialmente em Romanos 8. Ele era um assassino. Ele participou do assassinato dos primeiros cristãos. Ele estava lá no assassinato de Estêvão, o primeiro mártir cristão. Ele participou de tudo isso e muito mais. E esse homem, que antes perseguiu a Cristo e assassinou pessoas, escreve que já não há mais condenação para os que estão em Cristo (Romanos 8.1).²  Ele segue o capítulo dizendo que pertence a Jesus (Romanos 8.9), que o Espírito testifica que ele é filho de Deus (Romanos 8.16), que Deus faz todas as coisas para o seu bem (Romanos 8.28 e 29), e que nada pode separá-lo do amor de Deus (Romanos 8.35–39).³

 

Olhe para a cruz

 

Qual o segredo, então, para reconhecermos a nossa culpa, mas não sermos esmagados por ela? Olharmos para a cruz, onde Cristo assumiu nossa culpa para nos oferecer perdão e justificação (2 Coríntios 5.21).

 

Ver a luz acesa no painel do carro sem ter acesso a um mecânico ou um guincho é apavorante. Mas Cristo nos garante que toda parada que precisarmos fazer por causa da nossa culpa, será feita bem em frente a um “mecânico” capaz, porque por meio do próprio Cristo temos constante e direto acesso ao Pai (Efésios 3.12), que nos perdoa e purifica sempre que confessamos nossos pecados (1 João 1.9).

 

Editorial de Gustavo Santos

¹ Ed Welch, “Guilt and Its Associates,” Christian Counseling Educational Foundation (blog), accessed July 29, 2024, https://www.ccef.org/guilt-regret/.

² John D. Street and Dale Johnson, “The War on Guilt,” Biblical Counseling Coalition (blog), accessed July 29, 2024, https://biblicalcounseling.com/resource-library/podcast-episodes/the-war-on-guilt/.

³ Jonathan Bennett, “Unrelenting Guilt Feelings,” Biblical Counseling Coalition (blog), accessed July 29, 2024, https://biblicalcounseling.com/resource-library/articles/unrelenting-guilt-feelings/.

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