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Como Ajudar Os Que Sofrem? – Parte I

“Sei exatamente o que você está passando...” “Poxa, que pena... mas pensa por esse lado, sempre tem alguém numa situação pior...” “Conheço alguém que passou pela mesma coisa... fica tranquilo, vai passar...” Essas, dentre tantas outras, são algumas das respostas mais comuns que damos a pessoas que estão sofrendo. Não gostamos de sofrer, e nos incomoda ver os outros sofrendo. Por isso, queremos dar uma resposta que acabe com o sofrimento das pessoas. Queremos uma fórmula mágica que solucione os problemas dos outros instantaneamente. Infelizmente, nesse desejo de ajudar, não só falamos o que não devemos, mas achamos errado as pessoas continuarem sofrendo. “Como assim ela não está melhor depois do que eu disse? Ela já deveria estar melhor depois de tudo o que eu falei. Ela não confia mesmo em Deus... ou deve ter algum pecado não confessado...”. De certa forma, essa foi a conclusão dos “amigos” de Jó. Depois de Jó ter perdido praticamente tudo (Jó 1.1–2.10), alguns dos seus amigos chegaram para ajudá-lo a lidar com o sofrimento. Por sete dias e sete noites, eles ficaram em silêncio (Jó 2.11–13). Mas infelizmente, eles não permaneceram assim. Grande parte do livro de Jó (Jó 3–37) descreve os diálogos de Jó com seus amigos. Eles falavam... falavam mais um pouco... e falavam mais um pouco... e Jó continuava sofrendo. Embora as palavras desses amigos não nos ajudem a entender como devemos ajudar pessoas em sofrimento, elas nos ajudam a entender o contrário: como não devemos ajudar os que sofrem. Portanto, olhando juntos para alguns trechos dos discursos dos amigos de Jó, buscaremos compreender suas falhas e como podemos evitá-las, crescendo assim na compreensão de como podemos ajudar aqueles que sofrem.

Caso você queira fazer esse exercício antes de ler o restante do editorial, leia esses trechos do livro de Jó (4.1–7; 5.17; 8.1–7; 11.13–16; 22.1–5, 21–30; 34.31–33; 36.5–15), e procure responder as perguntas:

- Para eles, qual a única causa possível para o sofrimento?

- O que está faltando na fala deles?

- O que eles não estão fazendo?

1. Eles disseram coisas verdadeiras, mas não tinham todos os fatos. É bem comum ficarmos confusos quando olhamos para o que os amigos de Jó dizem. Nós sabemos que eles estão errados, porque Deus os confronta (Jó 42.7–11). Mas muito do que eles dizem parece certo. E o ponto não é que eles estavam completamente errados, mas sim que eles estavam usando as verdades erradas para confrontar Jó. “Se você dispuser o coração e estender as mãos para Deus; se lançar para longe a iniquidade de suas mãos e não permitir que a injustiça habite na sua tenda, então você levantará o seu rosto sem mácula, estará seguro e não temerá.” (Jó 11.13–15) Esse texto é perfeito para aplicarmos a alguém que está sofrendo por causa da sua rebeldia — o que não era o caso de Jó! A princípio, ele está sofrendo inocentemente por permissão de Deus. Elifaz também faz isso em Jó 22. Ao longo do capítulo, vemos declarações maravilhosas sobre Deus e Sua grandeza. Porém, Elifaz não entende completamente o que está acontecendo na vida de Jó. Nesse sentido, precisamos ter em mente o que o apóstolo Paulo diz em 1 Tessalonicenses 5.14: “Também exortamos vocês, irmãos, a que admoestem os que vivem de forma desordenada, consolem os desanimados, amparem os fracos e sejam pacientes com todos.” Existem verdades específicas para situações específicas. Alguns devem ser admoestados. Outros, consolados. Os fracos, amparados. E para todos, paciência com o processo de Deus em suas vidas — processo esse que é diferente na vida de cada um de nós.

2. Eles disseram que tinha que haver pecado, quando não havia. Eu acho que isso é realmente interessante. Em Jó 8.4, Bildade está discursando, e diz: “Se teus filhos pecaram contra ele, ele os entregou na mão de sua transgressão.” Ao ler isso, a primeira coisa que me vem à mente é: “Ahn? Como assim? De onde ele tirou isso?” Bildade está dizendo basicamente que os filhos de Jó morreram por causa do pecado em suas vidas. Não há indicação nenhuma disso no texto. Na verdade, o que vemos em Jó 1 e 2 é que tudo o que acontece com Jó foi permissão de Deus para que o nome dEle fosse conhecido. Nem sempre a causa do problema é um pecado de quem está sofrendo. Essa não era a causa dos problemas de Jó. Portanto, seja sábio ao ouvir e tardio em acusar (Tiago 1.19). Pessoas sofrem por diversos motivos. Não dê respostas precipitadas. E isso nos leva ao próximo ponto. 3. Eles não ouviram Jó. Os amigos de Jó ouviram muitas coisas sobre ele, entenderam mal e tiraram conclusões precipitadas. Eles não entendem o que está acontecendo na vida de Jó, mas presumem que sabem de tudo. Quantas vezes ouvimos pessoas compartilhando algo, e nossa cabeça começa a ir para situações parecidas, onde damos respostas que “funcionam”. Nesse momento, não estamos mais ouvindo. Só estamos esperando uma brecha para trazer uma solução “maravilhosa” — que não tem nada a ver com o que a pessoa está passando. Salomão nos alerta sobre isso em Provérbios 18.13: “Responder antes de ouvir é tolice e vergonha.” Ouça com atenção. Ouça ativamente. Faça perguntas. Não perguntas retóricas que direcionem para o que você quer dizer, mas perguntas que o ajude a compreender o que realmente está acontecendo. Por vezes, tudo o que precisamos fazer é ouvir. É raro encontrar pessoas que estão verdadeiramente dispostas a nos ouvir. No próximo editorial continuaremos caminhando pelo livro de Jó, olhando para mais quatro formas de ajudar pessoas que sofrem. Editorial de Gustavo Santos




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