No início deste ano eu tive a oportunidade de fazer uma viagem para Manaus. Foi um tempo muito impactante visitando diversas comunidades ribeirinhas e também um tempo onde pude ter algumas experiências culturais diferentes. Uma delas foi “morar” em um barco por uma semana. Em uma das noites que estávamos viajando de barco, passei um tempo olhando para as estrelas e me chamou a atenção como elas brilhavam de uma forma “diferente”. Depois de um tempo, a conclusão óbvia é que não eram as estrelas que brilhavam “diferente”, mas a escuridão ao redor que era bem maior do que a que estou acostumado morando em uma cidade. Um ambiente completamente escuro faz com que as luzes “brilhem mais”.
O início do livro de Êxodo nos conecta diretamente ao final de Gênesis. As 70 pessoas que chegaram ao Egito se multiplicaram e se fortaleceram. Elas eram o povo de Deus, que tinham sobre si a promessa de serem um povo próspero (Gênesis 17.6), que se multiplicaria no Egito e voltaria para Canaã (Gênesis 46.3,4), sendo uma nação cada vez maior. No entanto, o que aparentemente era um futuro promissor, com o povo de Israel morando na melhor parte do território egípcio, torna-se um terrível pesadelo, com todo o povo tornando-se escravo. O versículo 8 nos explica como isso aconteceu: “...subiu ao poder um novo rei, que não sabia coisa alguma sobre José” (Êxodo 1.8). Esse rei temia que o povo judeu tomasse o poder, e por isso decidiu torná-los escravos. Além da escravidão, os israelitas sofriam com o assassinato dos seus filhos. Para evitar que o povo continuasse crescendo, o rei do Egito deu ordem às parteiras para matarem todos os meninos que nascessem no povo de Israel jogando-os no Rio Nilo.
Tudo de ruim que poderia acontecer estava acontecendo com Israel. Eles haviam chegado ao Egito cheios de esperança e confiança nas promessas de Deus, mas agora se encontravam escravos, sob a terrível crueldade dos egípcios. O povo de Israel estava em “completa escuridão”. É bem provável que o povo estivesse questionando se Deus ainda os amava, se Ele estava vendo essa situação, se Ele era realmente capaz de fazer algo. Com esse pano de fundo, completamente escuro e sem esperança, Deus quer nos ensinar que embora seja difícil confiar nEle em circunstâncias adversas, é em meio a essas circunstâncias que o Seu poder e a Sua providência brilham de forma mais intensa.
Do rio que significava a morte do povo de Israel, Deus traz vida e libertação. Olhando para isso, podemos ver como Deus começa a desenvolver um padrão presente ao longo das Escrituras: Deus transforma um lugar de morte em um local de vida e salvação. Foi assim na Arca de Noé, na história de Jonas dentro do peixe, e em muitas outras situações que nos apontam para a maior delas — a cruz de Cristo.
O plano de Deus, então, começa a se desenhar como algo muito maior do que uma libertação simplesmente física do Egito; Deus queria tirar o Egito de dentro do Seu povo. O grande problema do povo de Israel não era a escravidão no Egito, mas a escravidão espiritual. Nesse sentido, embora nenhum de nós tenha sofrido o tipo de escravidão física que o povo de Israel sofreu, todos nos encaixamos em algum momento no contexto da escravidão espiritual que Israel sofria.
Deus não estava dormindo — Ele nunca está. No entanto, o tempo de Deus muitas vezes é diferente do nosso. Ele sabe não somente onde precisamos chegar, mas também qual o caminho que precisamos trilhar para entender o que Ele quer nos ensinar. Não desperdice as oportunidades que Deus tem lhe dado para conhecê-lO melhor. O povo de Israel não entenderia quem Deus era se não passasse por 400 anos de escravidão no Egito. Nós não conheceríamos Deus tão profundamente quanto conhecemos hoje se não tivéssemos passado pelas estradas sombrias e longas que passamos — e isso continuará sendo verdade nas dificuldades que enfrentaremos. A grande pergunta que fica para nós é se estamos dispostos a confiar nesse Deus soberano pelo tempo que Ele determinar, buscando conhecê-lO ao longo dessa jornada.
Para pensar
Em momentos de dificuldade, confiar em Deus é um grande desafio. No entanto, a única esperança que temos é esperar pela soberana e sábia provisão de Deus.
Você consegue pensar em momentos difíceis que teve que passar? O que você aprendeu durante esse período?
2. Muitas pessoas do povo de Israel morreram durante os 400 anos de escravidão e não viram a sua libertação. Deus não promete mudanças nas circunstâncias ao nosso redor — Ele tem planos maiores. Deus quer mudar nossos corações.
Como você reagiria se as suas circunstâncias, por mais difíceis que sejam e que possam vir a ser, nunca mudassem?
O que mais precisamos já nos foi dado em Cristo! Como entender isso pode nos ajudar a lidar com as dificuldades do dia a dia?
Editorial de Gustavo Henrique Santos
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