Disciplinas Espirituais — Orando a Palavra
- Site IBMaranata
- 12 de jun.
- 4 min de leitura
Você Expressa Aquilo Que Lê?
A oração é uma das disciplinas mais presentes na vida de nós, cristãos, mas também é, ao mesmo tempo, uma das mais complicadas. Nela, a simplicidade de se falar com Deus de forma direta e expressar o nosso coração a qualquer momento se encontra com a complexa tarefa de equilibrar em nossas mentes o poder da oração com a soberania de Deus. Essa dualidade acaba fazendo com que tenhamos dificuldade em orar da forma correta, caindo tanto no extremo de orações sentimentalistas sem conteúdo quanto de orações pragmáticas sem fé. Então, qual é o segredo para manter uma prática de oração saudável? Os pontos a seguir visam nos direcionar na nossa busca por crescer em qualidade no nosso tempo de conversa com Deus:
Entendendo a Realidade Espiritual
É importante nos lembrarmos de que a oração é uma atividade espiritual. Não consiste em apenas dizer palavras bem elaboradas (Mateus 6.5,7). Quando oramos, estamos falando diretamente com o Deus criador e governador de todo o universo, e Ele nos ouve e responde (Mateus 6.6,8). E isso só é possível por meio de nosso único mediador, Jesus Cristo (Hebreus 4.14–16), e do Espírito Santo, que intercede por nós (Romanos 8.26). Dessa forma, fica claro que não estamos diante de uma conversa simples, mas de algo sobrenatural. Assim, algumas consequências diretas disso são: primeiro, que precisamos ter uma postura humilde e submissa diante da oração (o que nos leva a uma postura de submissão e gratidão), e segundo, que precisamos acreditar que cada palavra é direcionada ao Deus soberano (o que nos leva a uma postura de fé e ousadia). Como forma prática de fazer isso, como um esforço inicial para crescer na oração, podemos avaliar o conteúdo da nossa oração e anotar como cada item dela reflete cada um desses aspectos.
Equilibrando Com a Palavra de Deus
Uma outra consequência importante, de a oração ser uma atividade espiritual, é a necessidade que temos de uma ferramenta espiritual. Além do Espírito Santo, que intercede por nós, temos a Palavra de Deus como elemento essencial. O equilíbrio entre sentimentalismo e pragmatismo vem justamente de conhecermos a vontade de Deus revelada em sua Palavra (1 Coríntios 14.15). Quando não conhecemos a vontade de Deus, temos receio de pedir coisas sobrenaturais, mesmo que alinhadas com a vontade de Deus, mas temos a audácia de pedir coisas desalinhadas com a vontade de Deus, mesmo que sejam “naturais”; agradecemos por benefícios terrenos que nos afastam de Deus e pedimos livramento de sofrimentos que nos aproximam de Deus; ficamos de braços cruzados “apenas” orando, esperando Deus agir quando Ele já revelou em sua Palavra o que deveríamos fazer, e falhamos em descansar e “apenas” orar quando, de fato, só Deus pode agir. Dessa forma, fica evidente que, sem o conhecimento da Palavra, a oração não tem poder. Como forma prática de crescer nesse ponto, um exercício pedagógico é o de pensarmos como Deus é glorificado caso a vontade dEle não seja a nossa. Se eu estou pedindo algo, eu consigo expressar gratidão enquanto Deus não me dá ou caso Ele não me dê? Se estou pedindo livramento de algo, eu consigo enxergar como Deus age em meio ao meu sofrimento? Certamente, ter o conhecimento da Palavra de Deus irá nos ajudar nesse processo.
Enfrentando as Dificuldades
Por que orar certo é tão difícil? Por mais que leiamos essas verdades profundas, pode ser que ainda haja uma resistência natural à oração, e para analisarmos isso precisamos pensar tanto no nosso estado (quem somos) quanto na nossa ação (o que fazemos). Primeiramente, precisamos entender nosso estado espiritual, pois dependemos de uma capacitação sobrenatural do Espírito Santo para orarmos (1 Coríntios 2.11–13). Logo, precisamos avaliar nossa realidade espiritual. Somos realmente salvos (1 João 1.5–2.11)? Estamos cheios do Espírito (Efésios 5.15–21)? Tenho manifestado as evidências do fruto do Espírito (Gálatas 5.22 e 23)? Em segundo lugar, precisamos avaliar nossa postura e ação na oração, pois vemos constantemente na Bíblia a orientação à perseverança e dedicação na oração (Colossenses 4.2; Lucas 18.1). Logo, precisamos ser sinceros quanto aos pecados que nos atrapalham a nos dedicar a essa atividade: preguiça, procrastinação, autogratificação, egoísmo, etc. Como forma prática de crescer nessa área, precisamos dar nomes claros a nossas dificuldades (“não estou cheio do Espírito”, “não tenho demonstrado amor, que é um fruto do Espírito”, “sempre procrastino a oração e acabo não orando”), e justamente orar de forma intencional por essas dificuldades.
Desejando Estar Com Deus
O processo de crescer em uma oração adequada e profunda envolve remover obstáculos e aumentar o desejo de estar com Deus. No Salmo 27, o salmista evidencia que o principal benefício da oração não é a resposta dela em si, mas o fato de se estar na presença de Deus e ver a Sua bondade. Assim, os elementos que ele aponta para crescer nesse desejo são: reconhecer que o Senhor é soberano (versículo 1), que o Senhor é digno de confiança (versículo 3), que o Senhor é bom (versículo 4), que o Senhor está sempre presente (versículo 10) e que o Senhor responde e age (versículo 13). Entender esses princípios não é só uma atividade intelectual. Precisamos da ação sobrenatural do Espírito Santo para que, ao meditarmos nessas verdades, tenhamos nosso desejo por Deus aumentado. A vontade humana (seja ela a vontade de ter conhecimento, a vontade de completar tarefas, a vontade de se provar) pode até nos fazer orar mais, mas só a vontade espiritual nos fará desejar mais a presença de Deus. Como forma prática de crescer nesse ponto, podemos fazer o exercício de aplicar cada uma dessas verdades sobre Deus de forma específica à nossa realidade do dia a dia e permitir que nossas orações (referentes a essa realidade) sejam, então, guiadas por essas verdades.
O mundo nos oferece diversos lugares para estarmos. Os compromissos nas nossas agendas certamente são demasiados para as nossas escassas 24 horas diárias. Infelizmente, o tempo para estar na presença de Deus acaba ficando muitas vezes em segundo plano. Se quisermos experimentar mudança na nossa forma de enxergar o mundo, para que possamos, de fato, ver a bondade de Deus aqui na terra, precisamos buscar a orientação do Senhor na Sua presença (Salmo 27.4,13) para assim sabermos e experimentarmos a Sua vontade. Dessa forma, iremos fugir dos extremos perigosos do sentimentalismo ou do pragmatismo e efetivamente desfrutar da presença do Senhor.
Editorial de Tássio Cavalcante

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