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Disciplinas Espirituais — Vivendo a Palavra

 

“Espelho, espelho meu, existe alguém mais…?”. Aqui está a frase célebre do conto infantil, que faz menção ao objeto que permite observar e averiguar como estamos a cada momento que desejamos. A Bíblia, no livro de Tiago, também utiliza como ilustração o espelho, o qual é capaz de mostrar claramente as características daquele que está à frente dele. Além disso, o texto relaciona o que pode ser observado externamente (ações) com a necessidade de responder de forma assertiva ao que se ouve ou ao que se vê (informações), em vez de apenas acumular conhecimento.

 

Primeiramente Tiago estimula os cristãos a realizarem a prática do despojar, “despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade” e revestir, “...acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada…” (Tiago 1.21). Ou seja, providenciar a retirada de tudo o que se recebe de influência externa mundana, a qual é absorvida ao longo do tempo através do que se ouve, vê e até mesmo através da leitura. Esse conteúdo se acumula nas mentes, nos levando a praticar exatamente aquilo que nossa mente está cheia. Isso atrapalha o ritmo de crescimento e desenvolvimento da vida cristã. A advertência de Tiago continua com a chamada a acatar as verdades aprendidas na Palavra, e praticá-las de forma a produzir resultados efetivos em nossa vida espiritual. Isso exige lutar contra o orgulho, que nos impede de reconhecer nossos pecados e erros, e adotar uma postura humilde para buscar arrependimento e mudança de atitude.

 

Em seguida, o autor adverte os leitores a fugirem do autoengano vinculado a escutar e não praticar, “enganando-vos a vós mesmos” (Tiago 1.22), destacando o perigo associado de se tornarem simplesmente ouvintes da Palavra. Em outras palavras, saber das responsabilidades e dos princípios de Deus e não fazer nada para mudar é como simplesmente continuar no mesmo caminho de sempre, um caminho que leva à destruição e à morte.

 

Outro ponto de alerta é a possibilidade de esquecer das verdades espirituais e do padrão requerido de nós, “pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência” (Tiago 1.24 ênfase o autor), implicando em apatia e falta de confiança.

 

Em contrapartida, Tiago destaca que aqueles que consideram e perseveram na obediência e no exercício das verdades bíblicas, irão desfrutar de resultados práticos e crescimento em sua vida espiritual. Dentre os quais pode-se mencionar o controle sobre os impulsos e as paixões carnais, exemplificado através da menção do domínio do que se fala, refreando sua língua (Tiago 1.26). Outro ponto de destaque é o desenvolvimento de uma vida piedosa demonstrada através de amor ao próximo (Tiago 1.27).


Adicionalmente, a prática contínua evidencia a busca pessoal pela santificação, “...e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo” (Tiago 1.27 ênfase do autor), bem como a prerrogativa de usufruir da verdadeira e completa alegria, em total aderência com João, citando as palavras de Jesus:


“Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor;

assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço. Tenho-vos dito estas coisas para que o meu gozo esteja em vós,

e o vosso gozo seja completo.

(João 15.10 e 11 ênfase do autor)

 

Associado a isso, pode-se esperar uma percepção mais acurada e um discernimento, não somente do bem como também do mal, conforme destacado pelo escritor de Hebreus:


“Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática,

têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal.” (Hebreus 5.14 ênfase o autor)


Vale ressaltar que esse crescimento do caráter cristão deve ser progressivo, e só atingirá a plenitude na presença de Deus, conforme destacado por Jerry Bridges: “O crescimento do caráter piedoso não só é progressivo e interminável, mas também absolutamente necessário à sobrevivência espiritual. Se não estamos crescendo em caráter piedoso, estamos regredindo, na vida espiritual nunca estacionamos”.¹

 

Por fim, a obediência revela o coração no que se refere ao quanto amamos a Deus, assim como foi dito por Jesus e registrado no Evangelho de João:


“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama;

e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.”

(João 14.21 ênfase do autor)

 

Que diante do desafio proposto, pela misericórdia e graça de Deus, possamos ter ouvidos atentos a ouvir e corações dispostos a amar a Deus o suficiente para praticarmos as verdades ouvidas, e assim desfrutar da alegria, do crescimento e da maturidade em nossas vidas.

 

“O privilégio de sermos santos é nosso, e a decisão e responsabilidade de sermos santos são nossas. Se fizermos essa decisão, experimentaremos a plenitude de gozo que Cristo prometeu àqueles que vivem em obediência a Ele.”²

 

Editorial de Neemias X. P. Santos

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¹BRIDGES, Jerry, Exercita-te na Piedade, Brasília: Editora Monergismo, 2016, p.85.

²BRIDGES, Jerry, A Busca da Santidade, Brasília: Editora Monergismo, 2013, p.165.


 
 
 

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