Conhecer a nossa identidade em Cristo é um fundamento necessário para que possamos avançar em nossa caminhada espiritual, dando passos em direção a Ele. Um dos maiores pilares do plano eterno de Deus para nós é o perdão. Sem ele, seres pecadores como nós seríamos incapazes de nos relacionarmos com um Deus totalmente santo (Isaías 59.1–3). Deus não tolera o pecado (Salmo 5.4) e, por isso, é necessário que tenhamos todos eles cobertos pelo sangue de Cristo ao nos aproximarmos dEle.
O que é o perdão?
O perdão de nossos pecados é uma das mais supremas bênçãos espirituais que o nosso Pai nos deu (Efésios 1.3–7). Ao nos perdoar, Deus considera duas facetas importantes de Seu caráter: Sua justiça (Salmo 119.142) e Sua misericórdia (Efésios 2.4). Para que, em Sua infinita misericórdia, Deus nos perdoasse sem infringir Sua própria justiça, foi necessário que Jesus Cristo tomasse a condenação em nosso lugar, encobrindo com Seu sangue os nossos pecados (2 Coríntios 5.21). O perdão é, portanto, a suspensão de nossa condenação e a isenção de qualquer culpa que teríamos por nossos pecados (Romanos 8.1), por meio da transferência dela para Cristo em Seu sacrifício substitutivo na cruz do Calvário. Precisamos de perdão porque Deus é justo, e o obtemos porque Ele é misericordioso. Nas palavras do salmista, o perdão é comparado a sermos distanciados por Deus de nossos pecados por uma distância incomensurável:
“Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões.”
(Salmo 103.12)
Por que Deus nos perdoa?
Já refletimos que o perdão é um resultado do caráter de Deus, sendo necessário para o cumprimento de Seu plano redentor. Assim como cada parte do plano perfeito de Deus, o perdão tem como principal objetivo o louvor da Sua glória e graça (Efésios 1.6). Por toda a Palavra podemos confirmar isso e, de forma mais específica, podemos olhar para estas duas referências, uma vetero e outra neotestamentária, a seguir:
“Por causa do teu nome, Senhor, perdoa a minha iniquidade, que é grande.”
(Salmo 25.11)
“Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoados,
por causa do seu nome.”
(1 João 2.12)
Como podemos ver, o perdão dos nossos pecados ocorre por causa do nome do Senhor, isto é, para dar a Ele toda honra e toda a glória (Romanos 11.36).
O que o perdão nos faz?
Entendendo o que é o perdão e o motivo pelo qual ele nos é concedido, vamos focar agora em como ele impacta nosso dia a dia e como nos permite tomar passos práticos em direção a Cristo. Primeiramente, termos a culpa e a condenação por nossos pecados removidas de nós nos faz bem-aventurados, em outras palavras, felizes:
“Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto.”
(Salmo 32.1)
O salmista louva ao Senhor por essa realidade, alegrando-se, regozijando-se e exultando (Salmo 32.11), reação que também deveria estar presente em nossas vidas diárias. O motivo dessa felicidade é sermos libertos do império das trevas, sendo transportados para o reino do Filho do Seu amor (Colossenses 1.13, 14). Esse reino é o que devemos buscar em primeiro lugar em nossas vidas (Mateus 6.33) e, portanto, o perdão é fundamental para que tenhamos acesso a ele.
Além da alegria que o perdão nos traz, devemos também, por meio dele, aumentar nosso temor ao Senhor:
“Se observares, Senhor, iniquidades, quem, Senhor, subsistirá?
Contigo, porém, está o perdão, para que te temam.”
(Salmo 130.3, 4)
Nossos pecados são tão graves e abundantes que, sem o perdão de Deus, não teríamos como subsistir. A reação do salmista a essa realidade é temor, pois entende a grandeza de Deus e a sua própria pequenez. Por toda a Palavra vemos o temor a Deus associado à sabedoria (Jó 28.28; Salmo 111.10; Provérbios 9.10), e uma das coisas que nos ajuda a tê-lo é justamente entendermos o perdão de Deus.
Adicionalmente, é importante frisar que o perdão de Deus nos leva a também perdoar nosso próximo:
“Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados;
perdoai e sereis perdoados.”
(Lucas 6.37)
Ou seja, não basta termos a felicidade e o temor gerados pelo perdão de Deus se não traduzirmos isso em perdão para as pessoas à nossa volta. Além disso, o perdão aos outros nos faz adquirir amor e nos aproxima das pessoas:
“O que encobre a transgressão adquire amor,
mas o que traz o assunto à baila separa os maiores amigos.”
(Provérbios 17.9)
O perdão ao próximo é uma das maiores expressões de que entendemos o plano de Deus e a obra de Seu Filho. Ele mostra que nossa felicidade está em Deus e não nas pessoas e em suas ações para conosco, e que tememos ao Senhor, pois temos consciência do tanto que Ele nos perdoou.
Editorial de André Negrão Costa

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