top of page

Me arrependendo do "arrependimento"

Atualizado: 12 de set. de 2018

Não deveria ter tomado aquela decisão! Por que eu fiz isso? Por que eu deixei de fazer aquilo? Estou me sentindo tão mal agora! Jamais irei me perdoar! Quem nunca experimentou a desagradável experiência de “se arrepender” por algo que fez ou deixou de fazer? Tenho certeza que muitos, senão todos nós. Porém, quando pensamos sobre o arrependimento, facilmente o relacionamos com os sentimentos de tristeza, culpa e fraqueza, sentimentos que a Bíblia nunca usou para caracterizar o verdadeiro arrependimento. Então, se estes sentimentos não adjetivam o arrependimento, muito menos significam que estou arrependido, o que eu realmente estou experimentando? Exatamente o oposto! O antônimo de arrependimento não é somente impenitência, reincidência ou teimosia, o oposto de arrependimento é o remorso. E não é incomum vermos cristãos sofrendo por causa de um pecado cometido, seja ele por ação ou por omissão, infelizmente isso é algo bastante comum. Note, é comum, não normal!


Espero que ao escrever isto, eu não o induza a pensar que não devemos nos entristecer com nossos pecados. Sim, devemos! É evidente que o pecado não deve nos trazer alegria, porém, há um limite para esta tristeza. A graça do nosso Deus é maior do que qualquer pecado que possamos cometer. “Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Romanos 5.20).


E por este motivo, Há esperança! A alegria na justificação deve ser maior do que a tristeza pelo pecado.


Por que temos experimentado o remorso ao invés do verdadeiro arrependimento? Qual a diferença entre eles? Quais as consequências de cada um? Consideremos:


1. Remorso é fruto de um coração orgulhoso

Não é nenhuma novidade o orgulho ser a raiz de mais um pecado, somos ninjas em nos promover, parece até que fomos criados para sermos orgulhosos, o que claro, não é uma verdade. Fomos criados para a glória de Deus, mas deturpamos o plano perfeito de Deus para o transformarmos em pecado e buscamos glória para o nosso próprio nome (Romanos 1.25).


O remorso é fruto de uma preocupação com a minha própria imagem e com o meu próprio eu. Não sofremos porque não refletimos a glória de Deus em nosso pecado, sofremos porque as consequências negativas de   nosso erro não nos traz glória nenhuma! Um coração orgulhoso vive uma vida de remorso porque ele busca glória para si mesmo e se frustra, pois não foi criado para isso e sim para a glória de Deus (Efésios 1.11,12) e (Romanos 11.36).


2. O remorso vem quando o seu Deus se tornou pequeno

Parece até que há alguma heresia nesta afirmação. É claro que Deus sempre teve e terá o mesmo tamanho e glória, Ele é imutável! O que se torna pequeno é a nossa percepção do tamanho de Deus, o quanto acreditamos que Ele é poderoso, “fiel e justo para nos perdoar todos os pecados e nos purificar de qualquer injustiça” (1 João 1.9b). O remorso é inversamente proporcional à nossa percepção de Deus, quanto menor a nossa confiança e percepção do tamanho de Deus e do seu poder, maior é a frequência e a intensidade de nosso remorso. Precisamos confiar que Ele é poderoso, tudo o que ninguém podia fazer Ele já fez para nos salvar!


“Devolve-me a alegria da tua salvação

e sustenta-me com um espírito pronto a obedecer.”

(Salmo 51.12)


3. Remorso gera morte, arrependimento gera salvação

Um justo pode ser justificado? Um reto se arrependeria por algum motivo? A resposta para as duas perguntas é negativa, um justo não precisa ser justificado e um reto não precisa de arrependimento, desta forma, só necessita de salvação, aquele que reconhece que é um pecador e se arrepende de seus pecados. Cristo veio para salvar os pecadores e não os justos (Mateus 9.13).


Logo, uma pessoa precisa se arrepender para reconhecer que é um pecador, e então ser salvo por Cristo Jesus, é aí que está a grande diferença entre arrependimento e remorso. Arrependimento nos trás vida e remorso a morte. “A tristeza, conforme o Senhor, não produz remorso, mas sim uma qualidade de arrependimento que conduz à salvação; porém, a tristeza do mundo traz a morte” (2 Coríntios 7.10). A tristeza do cristão é porque o pecado o afasta de Deus, mas a tristeza do ímpio é porque as consequências de seus erros não contribuem para sua própria glória.


4. O Arrependimento é dom de Deus

Considerando que o arrependimento nos conduz para salvação, é impossível nos arrependermos sem uma intervenção divina, já que a salvação provém exclusivamente de Deus (Efésios 2.8). Somos incapazes de nos arrepender de nossos pecados sem que Deus nos conceda a graça para isso. “Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” (João 6.44).


“Pois é Deus quem produz em vós tanto o querer como o realizar, de acordo com sua boa vontade” (Filipenses 2.13). O livro de Efésios (principalmente o inicio), nos deixa muito claro que a salvação provém de Deus.


5. O Arrependimento nos transforma

O arrependimento é marcado pela mudança de comportamento. Quando nos arrependemos, reconhecemos que estamos errados em nossas atitudes e não queremos mais continuar no erro, pois isso não glorifica a Deus. Um versículo que me chama muito a atenção para a mudança de pensamento que há em um cristão quando ele é convertido, é o versículo do discurso de Paulo aos Gálatas: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” (Gálatas 2.20).


Que Deus nos conceda a graça para desfrutarmos do verdadeiro arrependimento para a glória de Deus. Amém.


Editorial de Rafael Ceron de Souza



bottom of page