Nem sempre as coisas são como deveriam ser. Seja por pecado ou por vivermos num mundo caído, é extremamente comum vermos famílias “incompletas” dentro das igrejas. Viúvos e viúvas, filhos que perderam os pais, pais que perderam os filhos ou que não conseguem tê-los, homens e mulheres divorciados, filhos que vivem com apenas um dos pais ou nenhum deles, casos de abuso e agressão, entre outras situações, estão presentes nas nossas igrejas, quer você as veja ou não.
Infelizmente, costumamos ver apenas aquilo que nos é comum, até porque nosso círculo natural de relacionamentos é com pessoas parecidas conosco. Mas basta um olhar mais atento aos rostos no domingo para perceber histórias e lutas completamente diferentes. E é justamente nisso que a igreja tem um papel crucial no cuidado das pessoas. Pessoas diferentes suprem necessidades diferentes, de forma que todos podem crescer juntos e cuidar uns dos outros.
A igreja como instrumento de cuidado
Foi exatamente o que aconteceu com a minha família. Quando eu tinha quase 12 anos de idade, meus pais se divorciaram, e eu fiquei morando com minha mãe e irmã. Confesso que, naquela época, eu não entendi muito bem as implicações do que tinha acontecido. Eu continuei tendo um relacionamento muito bom com meu pai, sempre mantivemos bastante contato, eu continuava indo à igreja e fazendo as minhas coisas. Tudo parecia normal.
Mas quando eu estava com uns 18 anos de idade, comecei a perceber algumas lacunas na minha criação. O chuveiro de casa queimava, e eu não sabia como trocar. Comecei a pensar em relacionamentos, e não tinha alguém para me direcionar e mostrar, por meio do exemplo em casa, como eu deveria tratar uma mulher. Ganhava algum dinheiro com o trabalho, mas não sabia como administrar minhas contas.
Foi nesse ponto que Deus começou a me mostrar, de forma clara e maravilhosa, a beleza da igreja. Vez ou outra, homens mais maduros conversavam comigo sobre relacionamentos. Algumas vezes, pessoas me faziam perguntas difíceis de responder, mas perguntas que eu precisava ouvir. Eu pude ver, inúmeras vezes, mulheres cuidando da minha mãe, que não tinha mais o marido em casa. Outras pessoas investiram financeiramente em mim, pagando por retiros, cursos e seminário.
É fato que eu não tinha mais um pai em casa. Mas eu tinha vários deles na igreja. Deus, de forma sábia e amorosa, planejou a igreja para ser esse lugar de cuidado. Eu pude experimentar, na prática, o amor das pessoas (Romanos 12.10). Eu vi pessoas levando meus fardos (Gálatas 6.2) e me suportando em amor (Efésios 4.2). Pessoas me aconselhando (Romanos 15.14), exortando (Hebreus 3.13), consolando e edificando (1 Tessalonicenses 5.11). Pessoas para as quais eu pude confessar meus pecados e orar (Tiago 5.16). Amigos que abriram suas casas para mim (1 Pedro 4.9), e me serviram com seus dons (1 Pedro 4.10).
Eu não cresci num lar perfeito. Mas Deus, que é perfeito, planejou tudo para que, em meio ao que me faltava, eu pudesse ver Seu amor e graça abundantes por meio de pessoas que se permitiram ser usadas por Ele e me amaram.
Editorial de Gustavo Santos
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