Pornografia — Um Problema de Adoração
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“E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom;
e foi a tarde e a manhã, o dia sexto.”
(Gênesis 1.31)
No sexto e último dia de criação, no relato de Gênesis, Deus disse que o resultado do Seu trabalho era ''muito bom''. O ''muito bom'' de Deus incluía a atividade sexual entre Adão e Eva e eles desfrutavam disso de maneira plena e íntima, a ponto de estarem nus, mas não se envergonharem (Gênesis 2.25). A intimidade pura que havia entre eles era uma extensão direta do seu relacionamento perfeito com o Criador, pois desfrutavam um do outro no cumprimento da vontade de Deus que os fez como seres sexuais e que disse: ''é muito bom que seja assim!". Ou seja, o desejo sexual que possuíam e no qual se deleitavam era um instrumento de adoração diante de Deus.
O sexo os aproximava de Deus. Contudo, com a entrada do pecado houve a quebra do relacionamento do ser humano com o Criador. O homem em seu apetite de ter aquilo que Deus não deu e em seu desejo por independência, escolheu a rebeldia (Gênesis 3.6). O desejo sexual que antes era puro e classificado por Deus como ''muito bom'' passou, a partir do pecado, a ser manchado por uma ambição egoísta de satisfazer a si mesmo. Uma consequência imediata disso foi a vergonha de terem ''conhecido'' que estavam nus (Gênesis 3.7). Os olhares trocados e as experiências sexuais entre Adão e Eva deixaram de ser controlados pela alegria reconfortante de agradar a Deus, no cumprimento do propósito da própria existência, e passaram a ser moldados por um impulso cobiçoso de prazer pessoal. O coração humano agora tende a adorar as coisas criadas ao invés do Criador. Mas, o que isso tudo tem a ver com a pornografia?
O Problema Por Trás Da Pornografia
A pornografia, usando as palavras de Tim Chester, pode ser entendida como ''qualquer coisa a que recorremos com fins de excitação, satisfação ou fuga sexual, quer tenha sido criada para esse fim ou não''.¹ Um dos motivos pelo qual considero que esta definição é interessante é por revelar que o coração humano tem a capacidade de transformar quase ''qualquer coisa'' em um instrumento de pecado a partir de suas motivações torpes. Isso acontece porque o coração é o solo propício de onde nasce a imoralidade (Marcos 7.21 e 22). Então, a pergunta que deve ser feita é: o que controla as motivações do coração? Pelo relato bíblico da criação sabemos que o que motiva e controla o homem é o que ele adora. O problema por trás da pornografia é um problema de adoração, pois o que o homem adora em seu coração determina os seus verdadeiros anseios (Provérbios 4.23). Aquele que adora ao Deus verdadeiro será motivado pelo desejo de conhecê-lO e de se satisfazer nEle (Salmo 42.1 e 2). Aquele que adora as coisas deste mundo só pode pensar em satisfazer-se com elas (Filipenses 3.19). A grande questão que prende o homem na pornografia é que em seu coração ele não está adorando ao Criador, mas adora a um falso deus em busca de satisfação. Entendido isso, quero exemplificar três enganos comuns sobre esse assunto:
A Pornografia Não é Uma Necessidade do Nosso Impulso Biológico
Existem histórias que antigamente os esquimós cobriam suas facas com gordura de foca para matar ursos polares. Estes, ao sentirem o cheiro da gordura, não podiam negar o seu apetite e devoravam os objetos afiados, afogando-se em seu próprio sangue. Os animais são determinados pelo seu impulso biológico, mas o ser humano é mais complexo que isso. Podemos negar nossos apetites, não importa o quão forte sejam, se tivermos um propósito motivador mais elevado. É verdade que a intensidade do desejo sexual pode ser incrivelmente alterada e deturpada de seu propósito natural, tornando bem difícil para a pessoa envolvida com pornografia cessar esse comportamento. Contudo, esse ''super desejo'' não é o impulso biológico natural dado por Deus, mas é resultado de um coração que investiu muito tempo alimentando e entregando-se aos seus mais variados apetites. Por fim, a forma estabelecida por Deus de satisfazer os impulsos sexuais naturais é no casamento (1 Coríntios 7.9).
A Pornografia Não é a Resposta Para a Nossa Solidão
Um dos grandes apelos da pornografa é que ela promete acabar com a nossa solidão. Neste mundo à parte, o homem pode ser o maioral e ter todas as mulheres que quiser, a qualquer tempo. Ou pode ser a mulher que é intensamente amada pelo parceiro perfeito. Apesar de ser um poderoso atrativo, a verdade é que o resultado de abraçar a pornografia para satisfazer nossos anseios por relacionamentos nos deixará ainda mais solitários e isolados pela vergonha e pelo medo de ser exposto. À medida em que afundamos mais no pecado também ficamos progressivamente mais distantes de praticar o amor bíblico. Com a pornografia nós sacrificamos o outro para o nosso prazer, enquanto o amor sacrifica a si mesmo para o benefício do próximo.
A Pornografia Não é a Solução Para a Nossa Frustração
Um desejo recorrente após um momento de frustração é a vontade de ser ''recompensado''. A vida é cheia de aflições e todos nós experimentamos dias maus, e é especialmente no dia mau que a pornografia se apresenta como uma solução rápida e fácil para o sofrimento. Alegria instantânea, euforia e satisfação, quem não quer? Mas a verdade sobre o pecado sexual é que ele promete uma vida doce como o mel, mas o seu fim é amargo (Provérbios 5.4). Tentar fugir da tristeza consumindo pornografia seria como tentar saciar a sede com água salgada: preenche, mas vai te matar.
Existem muitos outros enganos comuns sobre as motivações que levam uma pessoa a abraçar a pornografia. Independentemente de qual seja o motivo, a razão fundamental é a mesma: o coração está adorando a um falso deus. Jesus, nosso Mestre, resumiu toda lei e os profetas, a saber, ''amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo'' (Mateus 22.36–40). Já o resumo de todo pecado sexual é: amar a si mesmo acima de todas as coisas e usar o próximo para a sua própria satisfação. O apelo é muito grande e as formas de engano muito variadas, mas Deus não nos deixa sós na batalha contra o pecado! Podemos tratar o nosso coração e vencer todas as tentações pelo poder de Sua graça oferecida por meio de Cristo Jesus.
No próximo editorial trataremos sobre alguns recursos divinos para lidarmos com este assunto em nosso coração.
Editorial de Matheus Carneiro

¹Chester, Tim. Com toda pureza: livres da pornografia e da masturbação. SJCampos SP, SP, Fiel, pág. 18.
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