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Sobre o aborto (Parte 2)

Atualizado: 27 de out. de 2018

As respostas para as perguntas feitas na primeira parte não são tão simples. Porém, nossa atenção e esforço devem estar voltados a responder essas perguntas de forma a glorificar a Deus e a ajudar o próximo.


Nós, como igreja de Jesus Cristo, temos uma responsabilidade muito grande com o nosso Senhor e para com a nossa sociedade. A grande comissão no texto de Mateus 28.16-20 nos chama a proclamar o Evangelho de Jesus Cristo a todas as pessoas, ensinando-as a guardar tudo o que Jesus ordenou. Em todo tempo, devemos viver como sal e luz do mundo (Mateus 5.13-16) para que o Evangelho seja visto em nossas atitudes e proclamado por meio de nossas palavras. Nosso desejo é que a esperança que temos em Jesus Cristo alcance pessoas que estão sofrendo pelo seu pecado (Salmo 33.20), sejam resgatadas das trevas, perdoadas (Colossenses 1.13,14) e salvas para glória de Deus (Apocalipse 7.10).


Com base na esperança do Evangelho, somos chamados a ajudar os que foram afetados pelo aborto. Entender as dificuldades que essas pessoas estão passando, ter empatia, amor ao próximo e ser fonte de esperança, em Cristo, são atitudes essenciais para a restauração do coração desesperado.


Consequências do aborto

O aborto deixa dolorosas consequências. Cuidar daqueles que sofrem de suas desastrosas consequências requer compaixão, paciência e discernimento. Quatro estágios são percebidos em mulheres que se submeteram a um aborto:

  • Alívio: a pessoa sente que tirou um fardo, uma responsabilidade que ela não tem mais, uma sensação de que o problema se foi;

  • Reflexão: este estágio é marcado por um momento de ensaio de respostas e desculpas para sua atitude;

  • Isolamento: a mulher tende a se fechar, não expressar seus sentimentos, tristezas e memórias dolorosas;

  • Ressentimento: a ira escondida ou reprimida com ela mesma ou com pessoas envolvidas no aborto podem resultar em depressão e amargura.

É necessário que tenhamos ideia do que uma pessoa esteja passando para ajudá-la. Não há ajuda efetiva sem envolvimento amoroso e empatia genuína. E conhecer as feridas e tristezas é essencial para compreendermos a profundidade da dor. Lembre-se sempre, “Somente Ele cura os corações quebrantados e lhes ata as feridas” (Salmo 147.3).


Sintomas de dentro para fora

O turbilhão de emoções também precisa ser considerado no processo de ajuda. As emoções são portas de entrada para trazer a esperança do Evangelho e restauração.

  • Ira: na quebra de relacionamentos e hostilidade para com os que estão ao redor;

  • Culpa: em momentos de lembrança do aborto;

  • Medo: na tentativa de uma fuga de tudo que seja relacionado ao aborto;

  • Vergonha:  um obstáculo para buscar ajuda;

  • Sem esperança: vista na perda de perspectivas e falta de vontade de viver;

  • Depressão: a culpa não tratada cria um fardo pesado demais, tristeza sem fim que pode desenvolver um quadro depressivo;

  • Ansiedade: através de disfunções alimentares ou do sono;

  • Remorso profundo: numa rejeição enorme à crianças, que são lembranças constantes do que se passou.

Cientes desses sintomas, podemos conhecer melhor o coração dos que sofrem. As manifestações externas podem ajudar a traçarmos um caminho bíblico até o cerne do coração: as motivações. Do coração procedem as fontes da vida (Provérbios 4.23). Assim, podemos começar a oferecer uma ajuda efetiva à pessoa.

Lembre-se desta verdade, “E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas” (Hebreus 4.13).


O Senhor conhece tudo o que está no mais profundo do nosso ser, nada escapa ou está oculto ao Seu conhecimento (Salmo 26.2), sejam nossos desejos, medos, anseios, sentimentos, etc. Se, somente Ele tem poder para conhecer tudo a nosso respeito, então certamente Ele é poderoso para ajudar em quaisquer que sejam as dificuldades, por meio de Sua Palavra, aos que sofrem.


Somente em Cristo há esperança

Todos nós queremos ter esperança. Mais do que isso, precisamos ter esperança. A esperança que alguém precisa numa condição extremamente difícil devido ao aborto é encontrada na pessoa de Jesus, revelada na Palavra de Deus.


A esperança em Jesus começa a partir do reconhecimento da falta de esperança. A Palavra de Deus declara que nós somos pecadores e que estamos distantes Dele (Romanos 3.23). Além de nos separar de Deus, o pecado nos engana, muitas vezes nos fazendo pensar que estamos certos, quando estamos errados e vice-versa (Provérbios 14.12). O resultado do nosso pecado diante de Deus é a morte (Romanos 6.23).


Mas a história não acaba assim. Deus, rico em misericórdia (Salmo 25.7), enviou seu filho, Jesus Cristo, ao mundo. Nos amou de uma maneira singular, dando seu único filho (Joao 3.16), para que, aquilo que nos separava dEle, nossos pecados, fossem perdoados. Jesus morreu numa cruz como o único capaz de pagar o preço dos nossos pecados e nos restaurar à comunhão com Deus (2 Coríntios 5.21). No terceiro dia, Jesus ressuscitou dos mortos, vencendo a morte e o pecado (1 Coríntios 15.3,4). Pela Sua vida íntegra, morte e ressurreição temos concreta esperança de misericórdia, perdão e paz com Deus. Ele conhece as nossas fraquezas e se compadece de nossa condição (Hebreus 4.14-16).


Somente em Cristo há perdão

A obra de Jesus Cristo foi completa. Por isso, temos certeza do perdão completo de nossos pecados, seja eles quais forem, inclusive o aborto. O perdão não se restringe somente a algumas categorias de pecado, mas a todos os pecados que a pessoa cometeu e irá cometer em sua vida. Quão grande obra fez Jesus na cruz por nós! O seu perdão nos é oferecido gratuitamente, sem exigir nada de nós. Alguns textos são importantes para fortalecer a fé no perdão de Jesus.


“Não nos trata segundo os nossos pecados,

nem nos retribui consoante as nossas iniquidades."

(Salmo 103.10)


“Se confessarmos os nossos pecados,

ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.”

(1 João 1.9)


“Agora, pois, já nenhuma condenação há

para os que estão em Cristo Jesus.”

(Romanos 8.1)


O perdão é uma consequência do crer na pessoa de Jesus e em Sua obra de salvação. Leve a pessoa a quem você está ajudando a confessar seus pecados, abrindo seu coração a Deus. Instrua essa pessoa a clamar por perdão, olhando para a cruz. Ajude-a a entender que o fardo pesado que descobriu que carregava, seus pecados, foram levados por Jesus na cruz do calvário. Somente pela cruz encontramos perdão e paz.


Em Cristo temos cura para o coração ferido

A obra de Cristo é completa, mas muitas mulheres e famílias ainda, por vezes, voltam ao passado cheio de marcas e feridas abertas. Muitos sentimentos acabam voltando, lembranças ruins e experiências desagradáveis parecem querer renascer. Deus não quer ninguém se punindo por um aborto ou qualquer outro pecado que tenha cometido. Em João 8 e Lucas 7.48-50, Jesus conversa com uma prostituta e com uma mulher imoral, respectivamente. Ambas são mulheres rejeitadas pela sociedade, porém são salvas e perdoadas por Jesus.


Não há pecado maior do que a graça de Deus, não importa o pecado cometido. Não há limites para Sua graça perdoadora e não há liberdade igual ao que nos é oferecido, o perdão dado por Deus. E assim devemos caminhar: “...corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus...”  (Hebreus 12.1,2). Toda vez que o passado tentar retornar, é necessário levar os que sofrem de volta às verdades bíblicas para olhar fixamente para cruz, lembrando do perdão que liberta e restaura nossas almas.


O que nós, igreja de Jesus, podemos fazer?

  • Podemos considerar a importância das políticas pró-vida, já que estamos às vésperas de eleições para os poderes Executivo e Legislativo;

  • Precisamos ser sal e luz que levam pessoas sem esperança a Cristo (Mateus 5.13,14);

  • Devemos lutar pela criação de um ambiente seguro nas igrejas para que as pessoas que estão sofrendo com a culpa de um aborto encontrem a segurança para buscarem ajuda;

  • Podemos assistir aquelas pessoas que optaram pelo aborto, apresentando o Senhor Jesus e aconselhando com a mensagem do Evangelho, que nos livra de toda a culpa e nos dá perdão;

  • Desenvolver uma mentalidade pró-adoção;

  • Devemos estar atentos às pessoas que estão considerando o aborto como solução, oferecendo uma estrutura de ajuda prática como alternativa. A presença da comunidade é vital;

  • Podemos desenvolver um programa de capelania nos hospitais para um pronto atendimento às mulheres que tiveram um aborto. Precisamos amar e crescer numa estrutura de ajuda compassiva e inteligente.


Editorial de William Rubial



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