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Questões Cruciais: O Que é Arrependimento?

“...Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.”

(Mateus 9.13)


O mundo moderno tem distorcido cada vez mais o conceito de arrependimento. De forma geral, as pessoas veem arrependimento como “pesar ou lamentação pelo mal cometido”. Isso é visto por meio de frases comuns, como “todo mundo erra”, “não sou perfeito”, entre outras. Esses são argumentos para minimizar a culpa e dar uma sensação de alívio ao mal cometido.


Porém, o fato de alguém simplesmente deixar de fazer algo ou se dizer “arrependido”, não quer dizer que ele está, de fato, arrependido. O verdadeiro arrependimento possui algumas características.


Em janeiro de 2020 nosso irmão Gustavo Santos escreveu uma série de editoriais sobre o tema, baseado no livro de Thomas Watson “A Doutrina do Arrependimento”:

Neste editorial veremos apenas o que é arrependimento e as principais diferenças entre o que é e o que não é arrependimento bíblico. Para aprofundar o entendimento do assunto, aconselho fortemente o leitor a ler os editoriais acima.


O que o arrependimento não é?


Antes de começar a ver o que é o arrependimento, quero destacar algumas coisas que normalmente achamos que são evidências de arrependimento, mas que não são. O arrependimento não é o medo da lei, não é deixar de fazer algo por medo das consequências. Muitas pessoas não pecam pelo medo das consequências, e não porque elas amam profundamente a Deus. Thomas Watson escreve, “pode haver terror pelo pecado sem mudança de coração”.


O arrependimento também não é uma resolução contra o pecado.¹ Alguém na luta contra o pecado pode dizer a si mesmo que nunca mais fará aquilo, mas sem mudança no coração. Se a motivação não for o amor a Deus, que traz um arrependimento verdadeiro, ele voltará a pecar, pois o que o impede não é o seu coração, mas a dor do pecado ou o medo de um mal futuro — principalmente o medo do inferno.²


Arrependimento também não é remorso (2 Coríntios 7.10). Quem nunca se sentiu mal por uma falta cometida contra alguém? Arrependimento e remorso são marcados por grande tristeza e aflição, porém são completamente diferentes um do outro.


O foco do remorso é horizontal (não considera Deus). Por isso, não produz mudança duradoura. É uma mera tristeza pelas consequências, tem seu foco na dor, culpa os outros, não aceita as consequências, não há esperança. Já o arrependimento verdadeiro é vertical (considera primeiramente a Deus). Assim, tem reflexo no horizontal, produz mudança, tristeza por ter pecado contra Deus, tem seu foco na mudança, não culpa outros, aceita as consequências, há esperança.


O que é, então, o arrependimento?


No Antigo Testamento a palavra mais utilizada para o conceito de arrependimento era shuv (fazer um retorno), ou seja, a pessoa está indo em uma direção e muda bruscamente para o sentido contrário. No Novo Testamento, a palavra utilizada normalmente é metanoia (mudança de mente), indicando uma pessoa que tem a mente renovada pelo Senhor.


Além disso, a base do Evangelho é arrependimento e fé (Marcos 1.15), arrepender-se dos pecados e crer que Jesus é o Filho de Deus.


O arrependimento é mais que um sentimento, é uma atitude. Não é uma mudança para causar uma boa impressão nas pessoas, mas um quebrantamento sincero diante do Senhor, motivado pela obra da cruz. O arrependimento bíblico é uma obra do Espírito Santo no coração do cristão, não uma decisão de nossa parte. Ela é iniciada quando reconhecemos o nosso pecado diante de Deus.


No entanto, o arrependimento não para aí — ele começa no coração, mas afeta a forma como vivemos também. Em Efésios 4.25–32, o apóstolo Paulo mostra que o arrependimento reflete em mudanças de atitudes. Por exemplo, “Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado” (Efésios 4.28 – ênfase do autor).


Portanto, o arrependimento resulta em mudança e obediência. Com o tempo, o arrependimento traz mudanças no comportamento, começamos a sentir a alegria de estar em comunhão com Deus e o desejo de ver os irmãos experimentando essa graça maravilhosa.


O verdadeiro arrependimento não é necessariamente perfeito, seria maravilhoso não voltarmos a pecar, mas sabemos que deste lado da eternidade isso não é uma realidade, somos fracos.


Como já foi escrito em outro editorial aqui do nosso site, “É possível se arrepender genuinamente e, após um tempo, voltar a cometer o mesmo pecado. Nós somos falhos, e sempre lutaremos contra as nossas fraquezas. Isso não quer dizer que devemos nos acomodar e desistir de lutar; significa, simplesmente, que a luta continuará existindo mesmo após nos arrependermos. Portanto, essa realidade deve servir tanto como um consolo quanto como um encorajamento. Consolo porque Deus não espera perfeição de nós. E encorajamento porque Ele nos capacita a progredir, mesmo que imperfeitamente, numa caminhada de conformação à imagem de Jesus Cristo (Romanos 8.29, 30)”.³


Logo, devemos encarar o arrependimento como um processo progressivo e duradouro.


E quais são os resultados de um arrependimento verdadeiro?


Um dos resultados é a disposição de viver de maneira correta diante de Deus, mesmo que isso implique em “pagar preços”. Não significa perfeição, mas uma disposição mental de mudança e crescimento progressivo (1 João 1.8, 9). Passamos a praticar boas obras, não porque necessitamos alcançar o favor de Deus, mas com um novo coração dado por Deus, entendemos o quanto fomos perdoados e praticamos boas obras por amor, um privilégio.


Algo maravilhoso que o arrependimento também nos traz é a libertação da culpa. Deus perdoa nossos pecados, e entendemos que não precisamos mais levar o fardo da culpa, pois através de Jesus não estamos mais debaixo da condenação (Romanos 8.1, 2).


E acima de tudo, o verdadeiro arrependimento nos leva à salvação.


“...a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação,

que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte.”

(2 Coríntios 7.10)


Editorial de Dimas Rodrigo

¹ Editorial: O que não é arrependimento. Em https://www.ibmaranata.org.br/editoriais

² Watson, A Doutrina do Arrependimento, 18

³ Editorial: O que é arrependimento. Em https://www.ibmaranata.org.br/editoriais


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